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EDITORIAL Por Carolina Fany O período da ditadura no Brasil (1964- 1985) foi marcado por um movimento artístico de denúncia. As músicas, os livros, os filmes, as peças de teatro e todo tipo de atividades culturais, eram utilizadas como meios de expressão e de crítica disfarçada ao regime. Muitas dessas obras, ainda nos dias de hoje, são extremamente populares, apesar de a cultura atual ter uma tendência a criticar o que é antigo. O regime militar brasileiro durou vinte e um anos, e todo esse tempo foi caracterizado pela censura de qualquer prática que o criticasse. Qualquer pessoa que demonstrasse uma mínima tendência contra o sistema da época era perseguida e, no mínimo, presa. O único modo de protestar contra esse sistema que os artistas encontraram, foi criar obras com várias interpretações possíveis, de modo que, caso fossem questionados, fosse possível despistar qualquer crítica ou denúncia presente nas mesmas. Essa necessidade de ocultar o sentido real das obras, fez com que fossem criadas coisas incríveis, principalmente na música. As letras daquela época, de compositores como Geraldo Vandré, Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso, Legião Urbana, entre outros, são tão profundas que se encaixam inclusive nos dias de hoje, quase trinta anos depois. A cultura atual, de um modo generalizado, tende a criticar o que é antigo, e se renovar todos os dias. Talvez a globalização, a expansão repentina dos meios de comunicação - quarenta anos atrás ainda era comum a troca de cartas e telefone fixo era coisa da mais alta elite, enquanto hoje, com a internet, é possível se comunicar com alguém do outro lado do mundo em segundos - e a facilidade de se expressar e compartilhar suas criações, as pessoas tenham se acostumado a querer ver apenas coisas novas, diferente do que viram antes, e, muitas vezes, uma coisa que foi lançada à um mês, já é considerada antiga. Mas, apesar dessa tendência, a arte do período ditatorial brasileiro ainda faz sucesso, inclusive entre os jovens, fato justificado pela qualidade do que foi feito naquela época. Tudo leva a concluir que, apesar de toda a violência, censura e opressão ocorrida nesse período, ele deixou um presente para todas as gerações futuras: sua arte, que não só serviu como refúgio daqueles que viveram a época, mas também ajuda a compreender o que foi viver o regime militar e a repensar o presente governo, criticar quando necessário e exercer a liberdade de expressão, conquistada graças a esses que protestaram contra a ditadura.
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