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Caderno AgroEstratégico 2 ANÚNCIO ROTATIVO FGV – Revista AgroANALYSIS RURAL BUSINESS Caderno AgroEstratégico 3 *Soja: o momento é de cautela, mas não de desespero! O mundo espera que saia dos campos a maior produção de soja de toda a história na nova temporada 2014/15, o que já coloca os preços da oleaginosa no menor valor em 4 anos. No entanto, alguns fundamentos de peso, esquecidos pela mídia, precisam ser observados com cautela. A colheita de 106,50 milhões/t nos Estados Unidos pode multiplicar por 4 os estoques locais. Sem sombra de dúvidas um cenário preocupante para o produtor brasileiro, já que o país pode fechar a safra, em agosto do próximo ano, com 91 dias de consumo garantidos, a 2ª maior folga de abastecimento em 24 anos. O detalhe é que sozinhos os americanos não abastecem o mundo! Para que estes números se confirmem a América do Sul também precisa colher produção recorde em 2015. Qualquer problema de clima, que ameace a safra deste lado do mundo, empurrará os importadores, sobretudo a China, para a ponta se compra do país, derrubando as reservas locais para níveis bem abaixo do previsto. Pelas projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) o Brasil pode elevar em mais de 7 milhões/t sua produção de soja no próximo ano, tirando dos campos 94 milhões/t, confirmando o 3º recorde consecutivo. Já a Argentina pode produzir 55 milhões/t, também a maior safra da história. Mas tudo isso ainda está só no papel! Em meio a tantos recordes e números estratosféricos, chama ainda atenção o fato de que mesmo colhendo uma verdadeira montanha de soja o abastecimento mundial de óleo e farelo continuará comprometido. Ou seja, não existe espaço para erro! Pela primei ra vez na históri a o mund o deve consumir 46,24 milhões/t de óleo, para uma produção prevista em 47 milhões. Com isso os estoques devem subir muito pouco, garantindo 26 dias de abastecimento. Pasme! Isso representa o 2º maior arrocho de abastecimento em 38 anos, acima apen as do previs to para 2013/ 14. A mes ma coisa acontece com o farelo. O quadro de oferta e demanda deixa claro que as reservas globais podem até subir um pouco, mas grandes países produtores, como Estados Unidos e Brasil, continuarão com a corda no pescoço. Pelas projeções, 98% da produção recorde (198,7milhões/t) serão consumidos entre out/14 e set/15, o que equivale a 194,32 milhões/t. Este volume mostra que em duas décadas o consumo de farelo mais que dobrou no mundo, subindo 33,6% nos últimos 10 anos. As reservas continuarão representando cerca de 5% da produção global, atingindo 10,79 milhões/t, mantendo o mundo com apenas 20 dias de abastecimento garantidos. E voltamos a lembrar! Tudo isso se sair dos campos 311,12 milhões/t de soja na nova temporada 2014/15, 28 milhões a mais do que o colhido na última safra. Em breve o mundo será forçado a olhar com grande atenção para a América do Sul, onde o clima terá que ser “pianinho” para garantir tanta soja. Se a produção for de fato recorde, os preços podem sim cair ainda mais na Bolsa de Chicago (CME Group), sobretudo no pico de colheita dos Estados Unidos. Mas ainda assim os exportadores terão que continuar pagando prêmios elevados aqui no Brasil, mantendo a referência próxima de US$ 11/bushel. Do contrário o dólar terá que explodir, pois ninguém conseguirá fechar as contas, colocando em risco a produção 2016. E se conselho vale: feche um pouco a “torneira” da produção e o mundo vai ajoelhar aos seus pés! *Tânia Tozzi é analista chefe da equipe de grãos e estrategista da RURAL BUSINESS, Agência Provedora de Informações Estratégicas para o Agronegócio
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